terça-feira, 12 de março de 2013

SÍNTESE DO ARTIGO: A Produção do Conhecimento na Extensão Universitária: Estímulo à Pesquisa-Ação


Autora: Ana Lúcia Crisostimo
Capítulo do Livro  “O despertar do conhecimento científico extensionista”. Publicado em 2011 pela Editora da Unicentro. ISBN 9788578911157

No âmbito educacional há o desafio de elaborar novos saberes a partir da perspectiva de uma trajetória contínua e permanente do processo de aprendizagem humana, independente do nível de qualificação alcançado na carreira universitária.
            Se, por um lado, cabe à universidade formar profissionais críticos e capazes de produzir conhecimentos, por outro lado, o docente universitário vê-se diante do compromisso de atender a essas expectativas e novas exigências socioeducacionais.
            Esses possíveis espaços de discussão e produção de conhecimento na universidade não devem ser constituídos apenas nos chamados projetos de pesquisa e sim ampliar a ação investigativa a partir das ações extensionistas de caráter intervensionista. Um processo de intervenção junto a um grupo ou comunidades tem a finalidade de mudar determinada realidade e, simultaneamente apreender saberes considerados “senso comum” pela academia.
            Conforme o Plano Nacional de Extensão Universitária (2000/2001, p. 3): vai além da compreensão tradicional de disseminação de conhecimentos (cursos, seminários, conferências), prestação de serviços (assessorias) ou difusão social e cultural.
            O docente universitário tem um leque de possibilidades para o desenvolvimento de ações vinculadas a projetos de cunho extensionista-social, a saber: Programas de Extensão Universitária; Cursos de Extensão e Cultura; Prestação de Serviço em Extensão e Cultura e Eventos de Extensão e Cultura.

Cabe  apenas a certeza da contínua aprendizagem desse movimento gerado pelas ações extensionistas só vem fortalecer a relação entre universidade- conhecimento- comunidade e, ao mesmo tempo, contribuir para a formação de um docente universitário que passa a perceber que ao socializar diretamente o conhecimento acumulado junto à comunidade que está ao seu redor, ele aprende simultaneamente o conhecimento chamado de senso comum e torna sua prática docente necessária sob várias perspectivas. O conhecimento deve ser tratado como processo, portanto, não é acabado nem absoluto.
            Alguns autores alertam para o fato de que pouco se discute academicamente onde se produz e se aprende conhecimento, pouco se reflete sobre o próprio conhecimento, seu significado, seu uso, suas conseqüências. Pouco se reflete sobre o ato de conhecer, sobre o ato de produzir conhecimentos e sobre o sujeito que os produz.
            A prática extensionista tem o desafio de ser pesquisa. Significa que tem que passar pelo teste da cientificidade, não no formato de pesquisa positivista, mas dialético. Nessa perspectiva, há de se considerar alguns critérios propostos por Demo (2000, p.27-29):
a)      Coerente: o texto não pode conter contradições, em razão da propriedade lógica e formal;
b)      Sistemática: o texto precisa abordar o tema com profundidade;
c)      Consistente: o texto deve poder sobreviver a contra- argumentações, com base na capacidade de saber argumentar, seguindo os preceitos da alma do conhecimento científico;
d)     Original: o texto precisa inovar, pra não cair na reprodução de coisas já sabidas;
e)      Objetivada: o texto precisa imbuir-se de boa intenção de captar a realidade da melhor maneira possível, evitando submissões ideológicas e preconceituosas.

O papel da pesquisa-ação na atividade extensionista, a constituição de grupos de estudos e a produção do conhecimento

A pesquisa-ação na atividade extensionista processa-se por meio de constituição de grupos de trabalho que planejam as ações, interagem junto a uma comunidade alvo, analisam os resultados das ações que foram executadas com o objetivo de atingir o resultado satisfatório.
A dificuldade não está no processo de construção do caminho investigativo e convalidar os conhecimentos produzidos a partir da ação extensionista, conduzida pela pesquisa-ação, mas convalidar este mesmo conhecimento nas diferentes instâncias acadêmicas.
O movimento crítico desencadeado a partir da pesquisa e o exercício de produzir novos conhecimentos, conciliando teoria-prática, possibilitam segundo Freire (1998), a construção da identidade do grupo social.
A constituição de grupos de estudo está diretamente relacionada a ideia de consolidar um espaço de troca de saberes entre os diferentes segmentos que participam do projeto extensionista, por exemplo, os professores universitários, acadêmicos e pessoas da comunidade na busca de soluções a problemas identificados na elaboração do projeto  de extensão.  O envolvimento de um grupo no estudo de temas geralmente passíveis de enfoques divergentes pode ser extremamente benéfico no caminhar teórico-metodológico que se empreende atualmente na área educacional.
A seguir, apresentamos as etapas da metodologia proposta pela autora do artigo ora apresentado, considerando, no caso, a constituição de um grupo de estudos que tenha como foco o campo educacional.
I.                   Identificação das diferentes instâncias de produção dentro do próprio grupo de estudos. Entre outros, como caracterizar a priori dois espaços de produção.
Primeiramente a “Produção acadêmica pro área de conhecimento envolvida no grupo de estudos”, considerando projetos interdisciplinares. Como segunda possibilidade, apresentamos a “Produção acadêmica a partir da trajetória do grupo de estudos”. O espaço investigativo é constituído pelo movimento traçado durante as reuniões com todo o grupo tendo como base a análise teórico-metodológica do processo de construção do conhecimento a partir da socialização no grupo de trabalho da interlocução universidade x comunidade escolar, a partir dos seguintes pontos de análise:
1.      Contribuição para a formação profissional dos componentes do grupo a partir de um trabalho extensionista junto a uma comunidade escolar.
2.      Avaliação à interlocução possível entre as diferentes áreas do conhecimento envolvidas, a partir de objetivos comuns propostos inicialmente no projeto.
3.      Identificação de rupturas, avanços, resistências e conflitos vivenciados.
4.      Avaliação das dificuldades e conquistas na implementação do projeto.
II.                Identificação dos fenômenos para a Investigação. Considerando as identificações dos fenômenos podemos citar:
a.       Ensino-aprendizagem;
b.      Relação universidade-educação básica;
c.       Trabalhos pedagógicos.
III.             Estabelecimento das ações conjuntas e setorizadas para a organização da pesquisa.
1.      Trabalho coletivo do grupo;
2.      Trabalho pro área de conhecimento envolvida no projeto;
3.      Trabalho de equipe coordenadora do grupo de estudos (professores da universidade e colaboradores).
4.      A partir destes encaminhamentos metodológicos, observa-se que tanto os objetivos traçados inicialmente como os pressupostos teóricos que norteiam a ação, podem sofrer ampliações e modificações pela própria dinâmica institucional de trabalho participativo.

Contribuições...
A autora no artigo estudado contextualiza a extensão universitária e a apresenta como espaço rico de fatos e conhecimentos passíveis de serem sistematizados e transformados em conhecimento. Este movimento aponta para uma resignificação da prática pedagógica do professor universitário que produz conhecimento a partir de uma dada realidade social.
Defende sua tese apresentando uma estratégia metodologia de trabalho coletivo, ou seja a criação de grupos de estudos que tenha como objetivo a sistematização do conhecimento a partir da ação extensionista.

Referência

SHIMITH P, Lisandro; CRISOSTIMO, Ana Lúcia; KIEL, Cristiane Aparecida. Capítulo do livro: O despertar para o conhecimento científico. Guarapuava, Editora Unicentro, 2011


Trabalho apresentado por Ângela, Jaqueline, e Silvana  do 3º CBM - Unicentro em 12/03/2013



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