Autora: Ana Lúcia
Crisostimo
Capítulo do Livro “O despertar do conhecimento científico
extensionista”. Publicado em 2011 pela Editora da Unicentro. ISBN 9788578911157
No
âmbito educacional há o desafio de elaborar novos saberes a partir da
perspectiva de uma trajetória contínua e permanente do processo de aprendizagem
humana, independente do nível de qualificação alcançado na carreira
universitária.
Se, por um lado, cabe à universidade
formar profissionais críticos e capazes de produzir conhecimentos, por outro
lado, o docente universitário vê-se diante do compromisso de atender a essas
expectativas e novas exigências socioeducacionais.
Esses possíveis espaços de discussão
e produção de conhecimento na universidade não devem ser constituídos apenas
nos chamados projetos de pesquisa e sim ampliar a ação investigativa a partir
das ações extensionistas de caráter intervensionista. Um processo de
intervenção junto a um grupo ou comunidades tem a finalidade de mudar
determinada realidade e, simultaneamente apreender saberes considerados “senso
comum” pela academia.
Conforme o Plano Nacional de
Extensão Universitária (2000/2001, p. 3): vai além da compreensão tradicional
de disseminação de conhecimentos (cursos, seminários, conferências), prestação
de serviços (assessorias) ou difusão social e cultural.
O docente universitário tem um leque
de possibilidades para o desenvolvimento de ações vinculadas a projetos de cunho
extensionista-social, a saber: Programas de Extensão Universitária; Cursos de
Extensão e Cultura; Prestação de Serviço em Extensão e Cultura e Eventos de
Extensão e Cultura.
Cabe apenas a certeza da contínua aprendizagem
desse movimento gerado pelas ações extensionistas só vem fortalecer a relação
entre universidade- conhecimento- comunidade e, ao mesmo tempo, contribuir para
a formação de um docente universitário que passa a perceber que ao socializar
diretamente o conhecimento acumulado junto à comunidade que está ao seu redor,
ele aprende simultaneamente o conhecimento chamado de senso comum e torna sua
prática docente necessária sob várias perspectivas. O conhecimento deve ser
tratado como processo, portanto, não é acabado nem absoluto.
Alguns autores alertam para o fato
de que pouco se discute academicamente onde se produz e se aprende
conhecimento, pouco se reflete sobre o próprio conhecimento, seu significado,
seu uso, suas conseqüências. Pouco se reflete sobre o ato de conhecer, sobre o
ato de produzir conhecimentos e sobre o sujeito que os produz.
A prática extensionista tem o
desafio de ser pesquisa. Significa que tem que passar pelo teste da cientificidade,
não no formato de pesquisa positivista, mas dialético. Nessa perspectiva, há de
se considerar alguns critérios propostos por Demo (2000, p.27-29):
a)
Coerente:
o texto não pode conter contradições, em razão da propriedade lógica e formal;
b) Sistemática: o texto precisa abordar
o tema com profundidade;
c) Consistente: o texto deve poder
sobreviver a contra- argumentações, com base na capacidade de saber argumentar,
seguindo os preceitos da alma do conhecimento científico;
d) Original: o texto precisa inovar, pra
não cair na reprodução de coisas já sabidas;
e)
Objetivada:
o texto precisa imbuir-se de boa intenção de captar a realidade da melhor
maneira possível, evitando submissões ideológicas e preconceituosas.
O papel da pesquisa-ação na atividade
extensionista, a constituição de grupos de estudos e a produção do conhecimento
A
pesquisa-ação na atividade extensionista processa-se por meio de constituição
de grupos de trabalho que planejam as ações, interagem junto a uma comunidade
alvo, analisam os resultados das ações que foram executadas com o objetivo de
atingir o resultado satisfatório.
A
dificuldade não está no processo de construção do caminho investigativo e
convalidar os conhecimentos produzidos a partir da ação extensionista, conduzida
pela pesquisa-ação, mas convalidar este mesmo conhecimento nas diferentes
instâncias acadêmicas.
O
movimento crítico desencadeado a partir da pesquisa e o exercício de produzir
novos conhecimentos, conciliando teoria-prática, possibilitam segundo Freire
(1998), a construção da identidade do grupo social.
A
constituição de grupos de estudo está diretamente relacionada a ideia de
consolidar um espaço de troca de saberes entre os diferentes segmentos que
participam do projeto extensionista, por exemplo, os professores
universitários, acadêmicos e pessoas da comunidade na busca de soluções a
problemas identificados na elaboração do projeto de extensão.
O envolvimento de um grupo no estudo de temas geralmente passíveis de
enfoques divergentes pode ser extremamente benéfico no caminhar
teórico-metodológico que se empreende atualmente na área educacional.
A
seguir, apresentamos as etapas da metodologia proposta pela autora do artigo
ora apresentado, considerando, no caso, a constituição de um grupo de estudos
que tenha como foco o campo educacional.
I.
Identificação das diferentes instâncias de produção dentro do próprio grupo
de estudos. Entre outros, como caracterizar a priori dois espaços de produção.
Primeiramente
a “Produção acadêmica pro área de conhecimento envolvida no grupo de estudos”,
considerando projetos interdisciplinares. Como segunda possibilidade,
apresentamos a “Produção acadêmica a partir da trajetória do grupo de estudos”.
O espaço investigativo é constituído pelo movimento traçado durante as reuniões
com todo o grupo tendo como base a análise teórico-metodológica do processo de
construção do conhecimento a partir da socialização no grupo de trabalho da
interlocução universidade x comunidade escolar, a partir dos seguintes pontos
de análise:
1.
Contribuição
para a formação profissional dos componentes do grupo a partir de um trabalho
extensionista junto a uma comunidade escolar.
2. Avaliação à interlocução possível
entre as diferentes áreas do conhecimento envolvidas, a partir de objetivos
comuns propostos inicialmente no projeto.
3. Identificação de rupturas, avanços,
resistências e conflitos vivenciados.
4. Avaliação das dificuldades e
conquistas na implementação do projeto.
II.
Identificação dos fenômenos para a Investigação. Considerando as
identificações dos fenômenos podemos citar:
a. Ensino-aprendizagem;
b. Relação universidade-educação básica;
c. Trabalhos pedagógicos.
III.
Estabelecimento das ações conjuntas e setorizadas para a organização da
pesquisa.
1. Trabalho coletivo do grupo;
2. Trabalho pro área de conhecimento
envolvida no projeto;
3. Trabalho de equipe coordenadora do
grupo de estudos (professores da universidade e colaboradores).
4.
A
partir destes encaminhamentos metodológicos, observa-se que tanto os objetivos
traçados inicialmente como os pressupostos teóricos que norteiam a ação, podem
sofrer ampliações e modificações pela própria dinâmica institucional de
trabalho participativo.
Contribuições...
A autora no artigo estudado
contextualiza a extensão universitária e a apresenta como espaço rico de fatos
e conhecimentos passíveis de serem sistematizados e transformados em
conhecimento. Este movimento aponta para uma resignificação da prática
pedagógica do professor universitário que produz conhecimento a partir de uma
dada realidade social.
Defende sua tese apresentando uma
estratégia metodologia de trabalho coletivo, ou seja a criação de grupos de
estudos que tenha como objetivo a sistematização do conhecimento a partir da
ação extensionista.
Referência
SHIMITH P, Lisandro; CRISOSTIMO, Ana Lúcia;
KIEL, Cristiane Aparecida. Capítulo do livro: O despertar para o
conhecimento científico. Guarapuava, Editora Unicentro, 2011
Trabalho apresentado por Ângela, Jaqueline, e Silvana do 3º CBM - Unicentro em 12/03/2013
Trabalho apresentado por Ângela, Jaqueline, e Silvana do 3º CBM - Unicentro em 12/03/2013
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